Mário Frias conta sobre a morte de sua irmã

O ator e cantor Mário Frias, de 37 anos, começou na televisão em 1994 e participou de várias telenovelas, como “Os Mutantes – Caminhos do Coração”, da “Rede Record”, onde interpreta o vampiro Drácula. Pai de Miguel, de 4 anos, Frias viveu um dos piores momentos em fevereiro de 2008. Poucos dias após se casar com a dançarina Juliana Camatti da Silva, perdeu a irmã Patrícia Frias, vítima de aneurisma. Após 6 meses de depressão, ele deu a volta por cima – perdeu 13 quilos, assinou contrato de 3 anos com a “Record” e agora faz planos de voltar ao teatro.

1 – Como foi lidar com a perda da sua irmã, Patrícia?
Foi muito difícil. A gente não espera que isso aconteça. Estava chegando ao aeroporto, de viagem, quando recebi a notícia e tive que viajar até uma cidadezinha de Minas Gerais, onde ela estava com o marido. Naquela semana, eu trabalhava no musical infantil “A Fabulosa História de Virgulino Nobre e Mestre Tartarugo”. Faltavam só dois finais de semana e levei o espetáculo até o fim, mas foi bem difícil. A partir dali, passei 6 meses na escuridão e demorei pelo menos 4 para colocar a cabeça para fora. Aí, apareceu o convite da “Record” e fechei contrato de
3 anos, o que foi muito positivo.

2 – Como era o relacionamento com sua irmã?
Ela tinha só 41 anos, e eu, 37. Era minha confidente e um ombro amigo na hora dos problemas e das vitórias. Tínhamos relação de amigos.

3 – Quando você sentiu que não estava bem?
Você não percebe quando está em depressão. Só quando está querendo sair dela. Comecei a tirar a cabeça do buraco em outubro, no meu aniversário. Chega uma hora que a dor é tanta que ela te sufoca e aí você começa a respirar ou vai junto com a pessoa. Eu não podia ir, pois tenho um filho para criar.

4 – Em algum momento, você achou que não teria forças para
se reerguer?
A gente sempre teme um pouquinho as coisas que devastam a vida e das quais não sabemos as consequências. Agora que estou me reerguendo, ainda tenho momentos de tristeza, mas fecho os olhos e me lembro de coisas boas.
A luta é diária.

5 – O que fez você ter vontade de se reerguer?
O esporte foi um bom termômetro da depressão. Primeiro, perdi a vontade de praticar esporte. Aconteceu um relaxamento e fiquei inchado. Depois, voltei a ter vontade de me dedicar a ele e me sentir bem. Para perder o peso, também precisei mudar minha alimentação – parei de tomar refrigerante, que nunca gostei muito, e de comer bastante à noite.

6 – Com que ajuda você contou?
A saída para esse buraco está no apoio da família. O esporte também ajuda. Foi através dele que tive um sinal de que as coisas estavam melhorando.

7 – O que diria para quem está com o mesmo
problema?
O que serve para mim, pode não servir para as outras pessoas. Mas, para quem sofre uma perda como eu sofri, é preciso encontrar uma fé dentro de si e estar perto de pessoas que tenham um sentimento verdadeiro por você. A maior lição é que a vida continua. Levantar a cabeça e voltar à vida normal. Também é preciso não fingir que nada aconteceu. Olhe para o problema como ele é. Leve o tempo que levar. E saiba que essas não são feridas curáveis. A gente aprende a conviver com elas. Em outras situações, é bom procurar um psicólogo ou alguma
outra ajuda profissional.

8 – O fato de ter ficado alguns meses sem trabalho piorou
a situação?
É sempre chato, mas atores sabem que é assim e convivem com isso a vida inteira. Eu faço o que gosto há 14 anos e tenho isso como meu ganha-pão. Fora do trabalho, sou muito comum e bem tranquilo. Não sou muito de sair, nem de cair na gandaia. Meu negócio é praia e esporte. Para mim, a palavra do novo milênio é cooperação e não competição. Agora, entre um trabalho e outro é comum acontecer um “efeito sanfona” (emagrecer e engordar rapidamente) por conta dos períodos curtos de férias, quando você come o que quer e dorme quando está a fim. Mas eu cansei dessa história.

9 – Como está sendo interpretar o vampiro Drácula em
“Os Mutantes”?
Está sendo um desafio, porque é trabalhoso e leva-se um pouco mais de tempo para gravar cada cena por conta dos efeitos especiais. Mas adoro brincar com esse universo. O mais bacana é a reação da criançada. Hoje, na praia, algumas senhoras também vieram me pedir autógrafo. É indescritível estar na rua e sentir o calor do público.

10 – Quais cuidados você pretende tomar a partir de agora?
Fazer o que gosto. Tenho sorte de trabalhar na “Record”, uma emissora que está crescendo e investindo forte; e ter um casamento feliz e uma mãe e um filho que são muito presentes. Então, tenho que olhar para frente, agradecer a Deus e batalhar todos os dias com determinação, tentando fazer o melhor que eu puder, sem me cobrar e entrar
em paranóia.

EXTRAÍDO DO SITE DA FOLHA UNIVERSAL